quarta-feira, 8 de outubro de 2008


Globalização

Era uma vez um grupo de pessoas que viviam no país das maravilhas chamado de Estados Unidos da América do Norte. Um lugar paradisíaco onde quase todos os sonhos viravam realidade, bastando que as pessoas se dedicassem de corpo e alma aos projetos de vida que idealizassem, por mais estapafúrdios que fossem.

E assim fazendo, muita gente ficou rica praticamente da noite para o dia, outras nem tanto, mas a maioria delas conseguiu um alto padrão de vida, principalmente em relação aos demais países, mormente aqueles situados no que se convencionou chamar de terceiro mundo, que ficava lá para as bandas da Linha do Equador,

E durante décadas e décadas esse sonho se manteve vivo para a alegria de uma significativa parcela dos membros dessa sociedade privilegiada, e invejada por aqueles que sonhavam também um dia poder desfrutar das promessas daquela verdadeira terra prometida.

Mas como tudo na vida tem um inicio, meio e fim, a América não foi uma exceção à regra, a exemplo de outras potências do passado que sofreram o declínio progressivo de suas importâncias no âmbito mundial, perdendo gradativamente a influência militar e econômica que exerciam sobre os outros povos, até ficarem reduzidas a uma ínfima expressão do que haviam sido antes.

Este fenômeno é mais do que previsível, se observarmos a velha máxima de que tudo que sobe uma hora tem que descer. Que o digam os Impérios Mesopotâmio, Romano, Grego, Egípcio, HItita, Sírio e mais recentemente o Otomano, Espanhol, Português, Francês, Alemão, Russo, Inglês e outros mais que vivem atualmente das reminiscências dos seus respectivos apogeus .

A América, especificamente, ao contrário dos outros impérios, começou a perder a sua hegemonia - iniciada logo após o término da Segunda Guerra Mundial- não através de derrotas nos campos de batalhas, mas sim em um outro tipo de peleja: a econômica, essa talvez com um poder devastador maior de que uma guerra nuclear.

Aos poucos a terra de Tio Sam começou a apresentar problemas de déficit em sua balança comercial que a cada ano mais se acentuava, sem que, no entanto, o seu povo sequer desse bola para isso, continuando a consumir em escalas cada vez maiores, como se nada estivesse ocorrendo com a economia dos gringos. Afinal, não eram eles os habitantes da nação mais rica da terra, o verdadeiro Eldorado?

E quando descobriram que já não tinham mais dinheiro vivo para gastar nas quantidades a que estavam acostumados, simplesmente começaram a se endividar através das casas de crédito fácil, que emprestavam milhões de dólares a juros baixíssimos, e que exigiam pouca ou nenhuma garantia , fazendo dessas operações uma verdadeira farra do boi.

Um dia, de repente, também se deram conta de que que não podiam pagar as prestações dos empréstimos assumidos, fazendo com que o efeito cascata levasse as grandes empresas de crédito a uma bancarrota fenomenal, arrastando nesse verdadeiro Tsunami instituições bancárias acima de qualquer suspeita, não só na América como em quase todo o mundo .

Agora, a pergunta que não quer calar:

Tudo bem que estamos vivendo uma economia globalizada, mas por que cargas d água temos que pagar pela ganância desenfreada de uma sociedade mal acostumada que tentou colocar às mãos onde não alcançava, mesmo sabendo que o seu país não andava lá muito firme das pernas ?

E agora ? O mundo todo está à beira do abismo porque uma ínfima parcela da população deste planeta não quis abrir mão de seus privilégios , mesmo sabendo que os tempos eram outros? Não acho que isso seja justo para aqueles que só ficavam lambendo os beiços enquanto os americanos saboreavam caviar de manhã à noite.

Aguardemos os desdobramentos para ver no que vai dar, fazendo de antemão uma oração para todos os santos de plantão para que olhem pelos pobres consumidores do terceiro mundo , em vias de mergulharem em uma recessão que poderá levar a todos para o brejo, igualzinho a vaquinha do conhecido adágio popular.

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